Acorde!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Um cheiro azedo tomava o local, pó por todos os lugares, um grande ecossistema escondido vivia ali, formigas e baratas nos restos de comida, cupins nas madeiras que um dia foram móveis, fungos que crescem naquilo que nem as formigas se atrevem a chegar perto...

- Argh... Onde estou? – Diz Carlos acordando e sentindo como se tivesse levado uma surra.

Olhando para os lados ele não reconhece absolutamente nada, algumas pessoas estão perto, mas ignoram sua presença, duas delas muito bem vestidas, sentadas ao lado de uma fogueira feita com restos de madeira podre e algo que de longe parece ser um pedaço de osso, finalmente ele nota a presença de um jovem deitado ao seu lado.

- Oi, ei... – Ele mexe o jovem, até que ele vira, com a boca aberta, olhos arregalados e formigas, aranhas e baratas almoçando suas entranhas.

- MEU DEUS ele es...

- Morto! – A voz parece vir de todos os lugares, nenhuma outra pessoa ali reagiu a cena ou a voz, todos continuam como estavam antes, um bêbado, um drogado, um pai e seu filho brincando com uma bola de pano...

- Quem é você?! - grita Carlos indignado

Um dos homens bem vestidos levanta-se, arruma o paletó, tira um óculos do bolso, começa a caminhar na direção de Carlos limpando-o com a camisa.

- Eu sou você Carlos, todos aqui somos você, o que você foi, o que você quer ser...

- Como todos vocês podem ser eu? Você está louco amigo? Eu estou louco?

- Não Carlos, você não está louco, pelo menos ainda não – Apontando para um velho de ponta cabeça, preso a uma forca pelo pé, e com uma camisa de força.

- Aquele também sou eu? – seus lábios agora tremem numa mistura de frio e horror.

- Já respondi essa sua pergunta, a pergunta que você deveria fazer, é porque está aqui, me siga.

O homem começa a andar em direção do velho, Carlos mesmo apreensivo o segue, afinal esse louco é melhor companhia do que o cadáver do jovem. O homem, que podemos chamar de “Carlos bem vestido” ao chegar ao lado do velho o balança, o velho solta uma longa e tenebrosa gargalhada e começa a recitar versos de cânticos infantis dos quais ninguém se lembrava que existiam.

- Onde estamos indo, pode me dizer?

- Não, apenas me siga, estamos quase chegando.

Subiram um lance de escadas, chegaram a uma ampla sala com uma mesa no centro, uma única luz vinha de um abajur em cima da mesa, este não parecia estar ligado a tomada alguma, havia mais coisas sobre a mesa, mas só agora Carlos percebera que estava sem óculos, logo não conseguia enxergar com clareza o que mais poderia ter ali.

- Espere aí meu amigo – diz o homem de maneira seca.

Carlos não obedece, continua a segui-lo, o homem percebe, mas continua a andar até a mesa.

- É agora homem? É agora que você vai me dizer o motivo de eu estar aqui?

- Seja mais paciente, você já vai descobrir.

Nesse instante o homem finalmente chega à mesa, Carlos fica parado esperando uma ação de seu guia turístico. O homem começa a mexer na mesa, pega algo, se vira para Carlos, solta um sorriso de orelha a orelha e diz:

- Bom dia!

O homem levanta sua mão, nela há uma pistola nove milímetros, é então que Carlos houve um barulho ensurdecedor.

- CARALHO! – ele grita com toda sua força.

Olhando para os lados, ele percebe que está em seu quarto - o barulho continua - senta na cama, chuta o copo, desliga o rádio relógio – o barulho para –, caminha até a cozinha, abre a geladeira atrás de algo gelado para beber, pega o leite, coloca de lado e pega uma cerveja que escondia a uma semana, então finalmente diz:

- Brisa maldita... É hora de trabalhar.

Yourick Stancov

1 comentários:

Anônimo disse...

Gu, mandou bem pra CACETE!

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